segunda-feira, 3 de março de 2014

O que ler este mês? Uma dica: DOM CASMURRO, do brilhante Machado de Assis.




 Li Dom Casmurro, obra de Machado de Assis, e uma de suas mais famosas (ao meu ver perfeita) aos12 anos. Mesmo com pouca idade, fiquei maravilhada por esta trama romântica e permeada de personagens complexos e intrigantes.


Dom Casmurro é um romance escrito em 1899.E que romance! Sua história para aquele tempo ousada, é muitíssimo atual.Nela se encontra amor, ciúmes, medos, angústias, dilemas de relacionamentos, conflitos da sociedade no final do séc.XIX. Faz parte da fase realista de Machado de Assim, compondo uma trilogia com Memórias póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba. Pra quem ainda não estudou ou não recorda-se sobre o que foi o Realismo, vamos relembrar!?


O Realismo no Brasil teve seu início, oficialmente, em 1881, com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de seu mais célebre autor, Machado de Assis. Esta escola só entra em declínio com o surgimento do Parnasianismo, por volta de 1890.Com a introdução do estilo realista, assim como do naturalista, o romance, no Brasil, ganhou um novo alcance, a observação. Começou-se a escrever buscando a verdade, e não mais para ocupar os ócios dos leitores.Machado de Assis, considerado o maior expoente da literatura brasileira e do Realismo no Brasil, desenvolve em sua ficção uma análise psicológica e universal e sela, portanto, a independência literária do país. (Fonte: wikipedia.org)
  
 












Os protagonistas dessa trama são Bentinho, narrador e apelidado de "Dom Casmurro", Capitu (a moça com "olhos de ressaca, de cigana") e Escobar. A história são relatos de sua juventude, sua vida de seminarista, seu amor e ciúme incontrolável por Capitu. 

Ainda jovens eles prometem se casar. Bento vai para o seminário, já que pela mãe fora dedicado e prometido ao ofício de padre. Lá ele conhece e torna-se melhor amigo de Escobar. Por motivo de doença da mãe, Bentinho retorna para a cidade natal e o amigo vai junto a ele. O jovem seminarista reencontra sua grande paixão Capitu e reacende seu amor por ela, casando-se e tendo um filho a quem chamam de Ezequiel, em homenagem ao primeiro nome de seu melhor amigo. Escobar também apaixona-se por Sancha, amiga de Capitu e casa-se com ela, com quem tem uma filha e dá-lhe e nome de Capitu.


O conflito da história começa quando Bentinho, numa crise de ciúmes começa a ver que seu filho tem muitas semelhanças de Escobar. Ameaça Capitu, acusando-a de ter o traído. Capitu é mandada pelo marido, juntamente com o filho para a Europa, e Bentinho fica com a solidão e a dúvida polêmica que fica na cabeça de todo leitor: Houve ou não traição?

Leia e tire suas próprias conclusões!
Só pra se ter uma ideia, em 1999 quando se comemorou 160 anos de nascimento do escritor Machado de Assis, o jornal Folha de São Paulo promoveu um evento intitulado o "Julgamento de Capitu", com simulação de um tribunal para discutir-se: Afinal de contas, Capitu traiu ou não Bentinho?

                                                                                                          Beijos, até a próxima!

                                                                                                                   por  LAS

P.S: Preciso comentar aqui, que nos tempos de Machado, geralmente os escritores eram médicos, advogados. Mas, Machado de Assis foi artista que superou barreiras a ele impostas numa dada circunstância histórica, social e pessoal, incluída nesta as questões relativas à saúde. O esforço e a luta deste autor são muito significativos, se lembrarmos que até hoje não é "natural" vencer preconceitos, migrar de classe ou obter igualdade de oportunidades.No século XIX brasileiro, numa sociedade de base escravocrata, o que significava ser filho de negro, pobre, gago e com manifestações de epilepsia, como o menino Joaquim Maria Machado de Assis? Ser pobre dificultava-lhe as possibilidades de trabalho e de desenvolvimento do talento.Mas esse maravilhoso escritor presenteou a literatura de seu tempo e a atual com obras de extrema beleza e primazia de escrita. Por essas e outras sou fã desse ícone da nossa história literária.