sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

"Histórias Cuzadas"... Um filme que vale a pena assistir


Histórias Cruzadas (The Help) mostra o drama das empregadas negras nos Estados Unidos durante a conturbada luta pelos direitos civis em meados do século passado. No entanto, o faz trilhando um caminho dos mais intimistas, priorizando as questões pessoais das personagens em detrimento de eventos históricos e políticos que poderiam tornar mais épico - e menos próximo - o tom do filme (ou talvez essas duas abordagens sejam, essencialmente, a mesma coisa, como defenderam as feministas à época, com seu lema "Le personnel est politique").
Assim, é de forma extremamente íntima - como na necessidade de um banheiro separado para as empregadas ou no carinho que essas ajudantes sentiam pelas crianças brancas que criavam, que somos apresentados ao atrasado estado do Mississipi em 1962. Skeeter, personagem vivida por Emma Stone, é a única de suas amigas de colégio disposta a ver aquelas mulheres negras de forma igualitária. Seu sonho é ser escritora e ela encontra seu primeiro emprego na coluna de conselhos domésticos do jornal local, assunto sobre o qual nada sabe, aproximando-se assim de Abileen (Viola Davis).
Não demora para que ela tenha a ideia de revelar ao mundo como aquelas mulheres se sentem. Mas o único obstáculo para tanto são as próprias empregadas e seu medo de punição caso alguém descubra. Afinal, é na base da ameaça que os segredos das chefes brancas são mantidos. E quão detestáveis são as chefes! Bryce Dallas Howard consegue transmitir tanta maldade (inicialmente velada) com sua Hilly Holbrook que é inevitável se pegar na plateia torcendo contra ela.
Os momentos mais sofridos do filme são de Viola Davis, cujos depoimentos são contados em tom calmo e sofrido. Já Minny (Octavia Spencer) dá os toques cômicos que às vezes são quase exagerados, mas não falham em arrancar risadas da plateia. Este é um filme de mulheres e cada atriz soube entregar seu papel muito bem, com a dose certa de dramaticidade e humor (o espaço para os homens é tão limitado quanto a parede de Abileen: só Jesus Cristo e John F. Kennedy merecem destaque ao lado da foto do filho). O equilíbrio é tamanho que Histórias Cruzadas acerta em cheio em seu objetivo de entregar um feel good movie perfeito, fazendo chorar mas sem deprimir, relembrando um passado sombrio, mas sem levar a qualquer reflexão mais profunda.
O diretor e roteirista Tate Taylor soube extrair o melhor de seu elenco e também do best-seller de Kathryn Stockett. A trama se desenrola sem tropeços, prende e diverte. Muitos se surpreenderam quando The Help chegou ao primeiro lugar nas bilheterias dos EUA e lá ficou por três semanas seguidas (o que não acontecia desde A Origem), superando os blockbusters milionários do momento. No entanto, a verdadeira surpresa é que ainda exista o choque dos executivos quando um ótimo filme, com boas atrizes e orçamento adequado para seu roteiro e sem excessos megalomaníacos, encontre seu público com honestidade.
fonte: http://omelete.uol.com.br/cinema/historias-cruzadas-critica/

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